Um novo ciclo
15/03/2018 | Geral
Criada há cinco anos, nossa revista acaba de cumprir seu primeiro ciclo de vida: foram 30 edições dedicadas à promoção do transporte público urbano no Brasil e à discussão dos principais problemas e soluções para o setor; 30 edições que coincidiram com os 30 anos de atuação da própria NTU.
Iniciamos em 2018 um novo ciclo, com uma NTUrbano renovada de ponta a ponta. A começar pelo nome, mais curto e direto ao ponto, passando pelo novo projeto gráfico, alinhado às últimas tendências do mercado editorial, moderno e de fácil leitura, com novas seções e uma nova estrutura em blocos temáticos. E chegando a um time ampliado de colunistas convidados, que vêm se somar aos nossos tradicionais colaboradores para ampliar a diversidade de visões e opiniões e enriquecer o debate. Tudo para ampliar o número de leitores e preparar a NTUrbano para ocupar um espaço de destaque no novo contexto do país, a ser inaugurado com as eleições de outubro.
A sociedade brasileira aposta na superação da crise política e na tão esperada adoção de políticas que efetivamente coloquem o Brasil na rota dos países de mobilidade avançada e sustentável.
Não há mais tempo a perder: enquanto o debate mundial já está focado nas novas gerações de redes integradas e racionalizadas de transporte, na confiabilidade otimizada e nos reflexos da flexibilização dos serviços prestados a partir de novas e revolucionárias tecnologias que surgem a cada dia, o transporte público brasileiro ainda padece de problemas básicos e estruturais que se arrastam há décadas, como a contínua ampliação das gratuidades sem as necessárias fontes de custeio, tema de nossa matéria de capa.
Seguimos convivendo com infraestrutura inadequada, falta de planejamento e de continuidade nas ações públicas, falta de linhas de financiamento efetivas para investimentos na melhoria contínua da qualidade do serviço e, acima de tudo, falta de um ambiente de negócios que estimule o fortalecimento do setor, assegurando o cumprimento dos contratos e, consequentemente, o equilíbrio financeiro das operações.
A situação é grave e só poderá ser resolvida com ações concretas, a exemplo da aprovação da Cide Verde, que aguarda votação no Congresso. A proposta, apresentada pela Frente Nacional de Prefeitos, segue o princípio da prioridade do coletivo sobre o individual – mais especificamente, faz com que as opções de deslocamento individual contribuam para beneficiar o usuário do transporte coletivo, por meio de descontos na tarifa.
Esse é o desafio que mais uma vez se coloca neste início de ano, quando muitas capitais e cidades passam pelo previsível, mas não menos conflituoso, processo anual de reajuste tarifário, que evidencia a questão central do transporte público: sem políticas que superem os problemas crônicos de financiamento e custeio que garantam o bom funcionamento dos modais coletivos, maiores serão as pressões tarifárias e maior será a insatisfação de todos os envolvidos – prefeitos, empresários de transporte e, principalmente, usuários, que tendem a buscar outras opções dedeslocamento, reforçando a queda de demanda e alimentando o círculo vicioso do preço do transporte público, permanentemente em luta para “fechar as contas” – assunto do artigo técnico desta edição.
Teremos ainda pela frente a Copa do Mundo, na qual todas as expectativas estarão voltadas para o esporte. Uma oportunidade para relembrar os avanços alcançados e principalmente promessas não cumpridas em termos de mobilidade urbana para a nossa Copa, que ainda seguem pendentes de conclusão quatro anos depois. Enquanto isso, assistimos com tristeza o desmantelamento precoce de muitos daqueles projetos de mobilidade que chegaram a ter enorme êxito, como as linhas de BRT do Rio de Janeiro - temas para as próximas edições que virão.