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Faixas exclusivas de ônibus estão ameaçadas em Aracaju

16/03/2018 | Geral

Implantadas com êxito em 2016, as faixas azuis ou faixas exclusivas de ônibus de Aracaju correm o risco de desaparecer. Isso porque, em 18 de novembro de 2017, o Ministério Público de Sergipe buscou na justiça, por meio de liminar, a retirada das placas de identificação das faixas, permitindo, assim, a volta do uso do espaço pelos carros particulares. A ação movida alega que a sinalização de exclusividade de faixa só deve valer após iniciadas e concluídas as obras, ainda em fase de licitação, de implantação do sistema BRT.

A liminar foi aceita, mas não determinava a retirada imediata. Para evitar que isso ocorresse, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) entrou com um recurso contra a decisão e o processo segue em tramitação na justiça. A SMTT esclareceu em nota que “enquanto o processo não for finalizado, a dinâmica de circulação de veículos nas faixas (priorização ao ônibus) continua”.

 A Superintendência frisou ainda que “as faixas exclusivas reduziram o tempo de viagem dos veículos de transporte público e têm boa receptividade entre os usuários do serviço”, e que a SMTT “estuda como aperfeiçoar este recurso nas áreas onde elas já existem e aplicá-lo em outras vias da cidade”.

Alberto Almeida, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), destacou que a retirada das placas de identificação das faixas exclusivas a ônibus, solicitada pelo Ministério Público Estadual, descaracteriza a evolução em mobilidade urbana que Aracaju conquistou com a implantação de uma via prioritária para o transporte coletivo. “Sem as placas de identificação, os veículos particulares estarão à vontade para circular nas vias destinadas aos ônibus, que tanto beneficiaram o deslocamento dos passageiros em suas rotinas diárias”, disse Alberto.

Benefício para o usuário e para a cidade

As faixas exclusivas para ônibus colaboram com a mobilidade urbana e garantem aos motoristas e passageiros maior rapidez e segurança. Com 35 quilômetros de extensão, passando pelos trechos Porto Dantas/ Beira Mar e Tancredo Neves, a faixa exclusiva de Aracaju beneficia 80 mil passageiros por dia e reduz o tempo de deslocamento nas viagens de 40 minutos para 25 minutos. Em média, 19 mil pessoas são transportadas pelos ônibus por hora nos momentos de pico.

“É preciso entender que o transporte público serve a 70% da população em uma cidade e conta com somente 20% das vias para um fluxo livre. As faixas são uma evolução que prioriza a maioria, pensando no bem coletivo, e que geram previsibilidade de chegada para o passageiro”, destaca o presidente do Setransp.

Para ele, quando são fiscalizadas nos horários de pico, só contribuem para o aprimoramento do tráfego, tendo em vista que um automóvel leva 1,2 pessoas enquanto um ônibus, 50 a 60 pessoas cada. “Imagine se cada pessoa dessas precisasse de um veículo particular para se deslocar?”, ponderou.

Para o trabalhador Marcos Luiz o ganho no tempo de viagem é o principal benefício, mas ainda é preciso que motoristas dos carros respeitem a prioridade na via que é destinada ao ônibus. “O que falta é cada um respeitar e fazer a sua parte”, frisou ele.

Já o carteiro Helder de Araújo, que utiliza ônibus o dia todo, destaca que “o trânsito sempre foi um empecilho para mim, mas com as faixas exclusivas isso mudou. Esse foi um passo certo para o transporte”.

Multa

O motorista de carro individual que transitar pelas faixas exclusivas pagará multa no valor de R$ 88,38. Além da multa, o condutor que desrespeitar as faixas perderá três pontos na Carteira Nacional de Habilitação. O horário de fiscalização será de 6h às 20h, de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana e feriados, a circulação é livre.

Panorama de faixas no Brasil

As principais capitais brasileiras têm desenvolvido e implantado projetos de priorização, com objetivo de desestimular o uso de carros e incentivar o uso do transporte público. As faixas exclusivas de ônibus fazem parte dessas alternativas que têm dado certo, assegurando melhor fluência ao trânsito. No total, estão presentes em 38 cidades, totalizando 1.395,7 quilômetros de extensão.

Para o especialista em transporte e diretor técnico da NTU, André Dantas, a implantação de faixas exclusivas para ônibus representa um avanço significativo para a melhoria da mobilidade urbana. “As faixas favorecem uma grande parte da população que tem o ônibus como principal modo de transporte cotidiano. Além disso, contribuem com o meio ambiente, pois reduzem o consumo de combustível, e, consequentemente, a emissão de gases poluentes”, defende.

 

 

 

Tópicos
transporte público - NTU Urbano - faixas exclusivas
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