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A nova mobilidade com sustentabilidade

15/03/2018 | Artigo

Na era da quarta revolução industrial, como nos deslocaremos nas cidades? A pergunta, evidentemente, ainda não encontra resposta. Mas podemos percorrer alguns caminhos e imaginar como será esse futuro a partir do nosso comportamento atual. Hoje, a dinâmica do deslocamento nas cidades acompanha a do trabalho, estudo, lazer e outras atividades cotidianas. Ao olharmos para o tecido urbano como uma rede, é possível identificar pontos de maior interesse, também definidos como Polos Geradores de Viagens (PGV), que atraem um grande número de pessoas e causam grande impacto na vida da cidade.

Historicamente, no Brasil, várias cidades buscaram remediar os impactos ambientais, de mobilidade e no uso do solo causados por esses PGVs a partir de licenciamentos condicionados a contrapartidas por parte dos empreendedores. Porém, é comum que contrapartidas acabem mais agravando do que solucionando o problema: ao exigirem a expansão da capacidade viária e a ampliação de vagas de estacionamento, incentivam o uso do automóvel particular.

Para contribuir com uma vida urbana mais sustentável e começar a traçar hoje o futuro da mobilidade urbana, o WRI Brasil e a Toyota Mobility Foundation lançaram no final de janeiro o concurso InoveMob WWW.DESAFIOINOVEMOB.ORG, que vai apoiar empreendedores no desafio de construir a Nova Mobilidade. A inovação fez com que os aplicativos de transporte se espalhassem pelo mundo exponencialmente nos últimos anos. Esse foi apenas o começo. Ainda há muito espaço para soluções inovadoras, sustentáveis, inclusivas e viáveis que possam se tornar pilotos e ser escalonadas com sucesso no Brasil e na América Latina – com benefícios adicionais como a promoção do compartilhamento de veículos, a contribuição para a acessibilidade de pessoas com deficiência, idosos e crianças e o fomento à igualdade de gênero na mobilidade.

Sabemos que, na área da mobilidade, os brasileiros são extremamente criativos e inovadores. Com o Desafio InoveMob, vamos promover capacitações, mentoria, aproximação com as cidades, e oferecer premiações que totalizam US$ 200 mil. Cinco finalistas vão executar seus projetos-piloto. O objetivo é retomar o protagonismo do Brasil em inovações de mobilidade urbana. Abre-se uma oportunidade para colocar os municípios brasileiros no mapa da inovação mundial, e a participação deles será fundamental para chegarmos ao sucesso.

A Nova Mobilidade tem a capacidade de ofertar soluções não convencionais capazes de atender os desejos das pessoas, mas cabe aos governos um olhar holístico, como forma de garantir a integração desses serviços com os existentes. Novas ideias podem tanto contribuir para melhorar o acesso ao transporte coletivo e reduzir o número de veículos privados ocupados apenas pelo motorista, quanto o contrário – agravando a poluição e os congestionamentos.

As cidades têm papel importante a desempenhar junto aos criadores ao estimular o diálogo e oportunizar avanços nas regulações. Propiciar um ambiente favorável às inovações é fundamental para não desperdiçar oportunidades de prosperar e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Se no futuro teremos a necessidade de deslocamentos diários, como fazemos hoje, não podemos prever. Mas não chegaremos lá com sucesso se continuarmos presos apenas a soluções do passado.  

 

FILIPE LEONARDOCARDOSO é engenheiro civil pela Universidade Federal de       Alagoas (UFAL) e mestre em Engenharia de Transportes na área de Planejamento de   Transportes e Transporte Público pela Universidade Federal do Rio de Janeiro   (UFRJ).  É responsável pelo Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico da NTU.

 

LUIS ANTONIO LINDAU PhD, diretor do programa de Cidades do WRI Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

Tópicos
transporte público - mobilidade sustentável
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