Pesquisa da NTU confirma exclusão social e fortalece vale-transporte

A Pesquisa Mobilidade da População Urbana realizada pela NTU, no período de maio a julho deste ano, em 27 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, com entrevistas por telefone, em 3.100 domicílios distribuídos proporcionalmente nas classes econômicas, trouxe à tona problemas estruturais do setor e derrubou alguns mitos que se criaram em torno do vale-transporte.

No levantamento sobre a freqüência semanal de deslocamentos urbanos, constatou-se que 24% da população se desloca, no máximo, 2 dias por semana, sendo que deste total, 14% raramente ou nunca se movimenta no espaço urbano. Esses dados confirmam, mais uma vez, a baixa mobilidade de uma grande parcela da população cuja causa, já constatada em outras pesquisas, é a falta de recursos financeiros.

Novamente, estamos diante da triste realidade da exclusão social: o transporte público coletivo urbano, serviço público essencial para a vida nas cidades, não é acessível de forma regular às classes menos favorecidas, pois o seu preço é incompatível com a renda dessas pessoas. Aqueles que ganham um salário mínimo por mês chegam a comprometer 53% de sua renda com despesas de transporte.

Outra questão importante colocada na pesquisa refere-se à opinião dos chefes de família sobre o melhor meio de receber o vale-transporte. Em média, 69% das pessoas preferem receber o vale em tíquete, bilhete ou cartão e não em dinheiro. Acredita-se que esse resultado se deve à percepção da população de que o vale em tíquete, bilhete ou cartão é uma maneira de garantir o recurso para a despesa de transporte durante todo o mês, evitando sua destinação para outras finalidades.

Isso derruba por terra os argumentos utilizados no começo desse ano, quando o vale-transporte foi duramente atacado no Congresso Nacional com inúmeras tentativas de transformá-lo em dinheiro. Na época, os defensores da transformação diziam que era o desejo dos trabalhadores.

Constatações como as apresentadas mostram a importância das pesquisas junto à população, pois elas ajudam a compreender e avaliar os problemas do setor, destruindo inverdades e indicando caminhos para a melhoria dos serviços.