SEMINÁRIO 2024: CNT lança pesquisa nacional sobre perfil do passageiro do transporte público
07/08/2024 | Seminário Nacional NTU
Estudo indica que pouco conforto, falta de flexibilidade de rotas e horários, e elevado tempo de viagem são fatores que fazem passageiros migrarem para outros tipos de transporte
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresentou nesta quarta-feira, 7, a Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana que traça o perfil atual dos usuários de transporte público no Brasil. O lançamento ocorreu durante o segundo dia do Seminário Nacional da NTU, na feira Lat.Bus, em São Paulo, e foi conduzido pelo diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
A pesquisa compara dados de mobilidade urbana entre os anos de 2017 e 2024, oferecendo um panorama das transformações no comportamento dos usuários de transporte coletivo. Entre os principais achados do estudo, destaca-se a queda significativa na participação dos ônibus nas viagens urbanas, que passou de 45,2% para 30,9%, e o aumento do uso de veículos próprios, especialmente entre as classes B e C.
Batista ressaltou a importância de compreender as novas expectativas dos passageiros que buscam, além de preços mais baixos, maior conforto e menor tempo de viagem. “O setor de transporte mudou muito. Antigamente, falávamos em transporte público e, hoje, falamos de mobilidade. Nós, enquanto empresas do meio, precisamos entender que somos insubstituíveis para a mobilidade urbana, seja por trabalho, lazer, saúde ou outros motivos, e, quando entendemos isso, precisamos ouvir o nosso cliente e aperfeiçoar o nosso trabalho”, afirmou.
Outro dado apontado pela pesquisa é que quase dobrou nos últimos anos o percentual de passageiros que consideram o transporte como um dos principais problemas urbanos. Além disso, mais de 13% dos usuários deixaram de usar ônibus completamente, embora 63% afirmem que poderiam retomar o uso se houvesse melhorias em conforto, flexibilidade e frequência dos serviços.
A pesquisa também revelou que o transporte público figura como a terceira maior preocupação urbana, atrás apenas de saúde e segurança pública. Para Bruno Batista, as demandas da população por mais linhas, horários flexíveis e a implementação da tarifa zero só poderá ser atendidas por meio de políticas públicas bem direcionadas.
“É preciso realizar um alinhamento para que as autoridades entendam que as mudanças no perfil dos usuários estão acontecendo, e que a necessidade de utilização do transporte não muda, mas o perfil deles, sim. Por isso, precisamos aperfeiçoar o que estamos entregando”, alertou Batista.
O material indica, ainda, o impacto do aumento no acesso à internet e no crescimento do trabalho remoto, que tem reduzido a necessidade de deslocamentos diários. “Atualmente, mais de 90% das pessoas têm acesso à internet, o que possibilita muito o trabalho remoto via home office, diminuindo o uso do transporte pelos passageiros para locomoção ao trabalho”, destacou o executivo.
O crescimento da motorização em todas as classes sociais, com um aumento expressivo na venda de motos, foi um ponto detalhado no documento. Este movimento é visto com cautela, pois, embora o custo de movimentação por moto seja 10% mais caro que o de ônibus, muitos passageiros estão optando por esse meio, mesmo com os riscos de segurança envolvidos, de acordo com Batista.
Frente a esses desafios, o diretor executivo da CNT sugeriu propostas para reverter a queda no uso do transporte público, como a racionalização das redes, programas de financiamento para infraestrutura permanente e a melhoria da governança por meio de autoridades metropolitanas.
“Com essas informações, entendemos que há possibilidade de propostas para o retorno dos passageiros, como a racionalização das redes, programas de financiamento de infraestruturas permanentes, melhoria da governança por meio de autoridades metropolitanas e programas de inclusão da população de baixa renda”, acrescentou Bruno Batista.
Após a apresentação da CNT, a vice-presidente do Conselho de Inovação da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Luciana Herszkowicz, reforçou a necessidade de uma maior interação entre as empresas de transporte e seus usuários. “Estamos vivendo a era da experiência do cliente. Temos problemas gravíssimos em questão, mas temos o principal dado que nos afirma que o nosso cliente tem a intenção de voltar para o sistema. É esse dado que deve nos impulsionar a focar em melhorias, como o nosso relacionamento com o cliente, entender a experiência dele com o nosso serviço”, afirmou a conselheira.
O evento
O Seminário Nacional da NTU, realizado paralelamente à Feira Lat.Bus Transpúblico 2024, segue até 8 de agosto no São Paulo Expo. O evento, que se consolidou como o principal fórum sobre transporte público e mobilidade urbana no Brasil, espera receber cerca de 15 mil visitantes, incluindo mil estrangeiros, com expectativa de superar o volume de negócios registrado em 2022.
A coletiva completa e mais informações sobre a pesquisa estão disponíveis no canal da NTU no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=tjYiwWoOFyc
Faça download da pesquisa CNT.