SEMINARIO NTU: O futuro do transporte público coletivo está na tecnologia
10/08/2022 | Seminário Nacional NTU
A avaliação é consenso entre os especialistas do painel 4, no Seminário Nacional NTU 2022
No último dia do Seminário NTU 2022 (10/8), o quarto painel abriu os trabalhos do dia com debates sobre “O futuro da mobilidade urbana pública e coletiva no pós-pandemia”, trazendo para o evento a discussão sobre a importância das tecnologias para esse novo momento da mobilidade urbana. Conhecer as lições aprendidas na pandemia e expectativas quanto ao futuro desse serviço são metas que foram usadas como provocação, feita por Richele Cabral, diretora de Mobilidade Urbana da Fetranspor – Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro – e mediadora do painel.
“A pandemia potencializou uma crise que já existia. O setor de transporte urbano coletivo está no momento de reaprender como fornecer esse serviço essencial. O modelo antigo não cabe mais e as tecnologias tem papel fundamental nesse novo caminho”, comentou a moderadora.
O papel das tecnologias ficou em evidência durante o período pandêmico, o que demonstrou a vulnerabilidade de parte da população que não tem fácil acesso a essas ferramentas. Esse ponto foi levantado pela CEO da Necta e idealizadora da Plataforma Connected Smart Cities & Mobility, Paula Faria, durante a discussão sobre o tema. “As tecnologias são revolucionárias para o setor de transporte, mas precisamos pensar de forma ampla, trazendo também soluções para otimizar o acesso das pessoas a essas tecnologias”, esclareceu.
Luiz Alberto Lenz Cesar, presidente-executivo da CWBUS, trouxe a experiência vivenciada na cidade de Curitiba (PR) para exemplificar a importância do desenvolvimento tecnológico no setor. “A palavra de destaque para o novo modelo de transporta é conectividade, pois através desse relacionamento conseguimos trocar experiências, compartilhar conhecimento, para um maior entendimento do transporte público, assim alcançamos um serviço com custos reduzidos, rápido, sustentável, seguro e que traga rentabilidade às empresas”, complementou.
Um ponto relevante apresentado está na mudança do foco do transporte, que a partir do aprendizado da pandemia deve ser direcionado aos clientes, ou seja, aos passageiros que efetivamente utilizam o sistema. “Temos o superdesafio de utilizar a tecnologia com governança e com olhar voltado às pessoas. Acredito que a mobilidade do futuro é integrada, conectada, com baixa emissão de carbono, e onde todos os setores, governos, empresas e sociedade estão alinhados”, ressalta Cristina Albuquerque, gerente de Mobilidade Urbana do WRI Brasil.
A necessidade de um planejamento adaptável foi destacada pelo diretor de Contas Estratégicas América Latina, da Clever Devices, Maurício Corte, como um dos grandes aprendizados durante a pandemia. “Numa situação extrema como vivemos, trazer soluções rápidas era fundamental para a saúde das empresas e do setor. E nesse cenário a importância de planejamento foi evidenciada, pois nos permitiu ter respostas para cenários diversos, programação dinâmica, gestão de frotas e outros mecanismos que resultam na diminuição dos custos operacionais”, avalia.
Mudanças
Uma questão indiscutível e vivenciada por todos os serviços está nas mudanças, que a propósito, continuam acontecendo, e isso também se reflete no transporte público, que não tem mais a mesma demanda. Nem o tempo de viagem e nem os passageiros. “As mudanças são nosso desafio constante, atualmente, e precisamos trazer a inteligência para o planejamento, afim de conseguirmos atendê-las e captar as oportunidades que essas mudanças proporcionam”, comenta Ronen Avraham, diretor geral América Latina da Optibus.
“Crises vão acontecer sempre, só sobrevive quem for competitivo, mas para isso é necessário ser eficiente”, explica Alexandre Fagundes, do Products e Marketing Manager da Mix Telematics. O executivo chamou a atenção para a necessidade do investimento em inovação como forma básica de se manter em qualquer mercado, inclusive no de transportes, pois segundo ele, a ineficiência não é mais tolerada.
A viabilidade dos investimentos é um aspecto importante debatido pelas empresas, durante o Seminário. Afinal, em tempos de crise, muitas vezes a opção pela inércia parece mais segura, porém cobra um alto preço em relação aos concorrentes, como explica Sandro Avila, diretor comercial da Sonda Mobility. “Tivemos que buscar soluções inovadoras e rápidas para atender à nova realidade que vivíamos, e isso nos chamou a atenção para a importância de estreitar laços com os nossos clientes. Não adiantava propor o mundo se ele não tivesse condições de adquirir. Foi preciso olhar para a viabilidade financeira, tornando cada projeto personalizado à cada realidade”, destacou.
Essa mesma visão é compartilhada por Jacob Greg, diretor comercial da OPTAI/Liftango. “Essa é uma oportunidade incrível de olhar para o futuro e utilizar a tecnologia para oferecer opções aos operadores, como serviços flexíveis para suas diferentes necessidades”, afirma
Todas as soluções, exemplos e cenários apresentados durante o seminário convergem para o mesmo objetivo, que é oferecer um serviço de qualidade à população. “Chegamos até aqui ainda bem machucados, mas tivemos grandes avanços. A ajuda do poder público é algo fundamental, mas não existe saída se não mudarmos o modelo de negócio. Precisamos de capilaridade, robustez, tornar esse transporte competitivo e assim, restabelecer a confiança dos passageiros”, analisa Jefferson Arrivabene, representante Brasil Giro INC.